O elástico de cabelo que me emprestastes ainda
está sobre minha cabeceira, eu não o devolvi. Não te devolvi muitas coisas. E
agora peço que devolvas minha distração, que me faças desaprender do caminho
que a todo instante me leva a ti.
Talvez estejas em débito comigo, no fundo do âmago de nossa carcaça, eu merecia
pouco mais de sua presença. O amor que quis, você me deu bem dado como podia e
queria dar, pois de você não regreto nada. Eu costumava pensar assim.
Não quero teu laço, já deu teu abraço.
Eu não o quero mais.
Eu não o quero mais.
Eu cochilo e, ao abrir os olhos, em cima da pequena
pilha de publicados, deparo-me contigo. É o elástico. Dos livros que não
consigo ler, eu abro exceção para o que me lembra de você, a coragem que eu tenho
para escrever vem da fonte que também é você. Algazarra dos resquícios de tua
alma eu suguei, engoli, sobrevivi e cuspi a experiência de lidar com a reencarnação
sem propósito de Henry fazem mais sentido para mim e o mundo do que poderia imaginar
nossas mentes vis.
Mesmo quando não estava nos planos, eu não
estaria completa se você não estivesse por perto. Em meus passos eu encontrava
seus rastros, bitucas amassadas pelos cantos era o sinal de que nossa tão
estranha paz jazia ali bem viva, as cinzas eram levadas pelo vento e, entre
os reles, só sobrava a constante bagunça que fazíamos por todos os cantos, em
todas as vidas, de todos os jeitos. E, eu me pergunto, de que outra maneira
poderia ser?
Cinzas perdidas pelo espaço, nunca me apeguei ao
fato de que estariam indo para algum lugar deste planeta. Esqueci-me que até o
mais curto trago dá fim ao próprio cigarro, “do pó viemos ao pó voltaremos”. O
bar, o beco, os cantos os quais foram cenários de nossa encenação, o mundo era
mais equilibrado quando nós estávamos juntos. Sempre imaginei ser a garota da
qual você não gostaria, yin-yang isso é o que dizem que somos: eu densa com uma
pitada de você, você claro com uma pitada de mim.
De outra maneira, não poderia ser.
Minha liberdade era ser presa a ti, amarrar-me
com nó frouxo pelo prazer de estar com alguém que ficaria comigo independente
das correntes de Carmen. Onde quer que estivéssemos, na sarjeta ou procurando a
lua, eu & você. Seria eu & você para sempre. Eu quis que fosse você, o
primeiro homem da minha vida, por opção mais uma vez. Até o quarto, casa de
foder, eu me prometi que seria você, só me esqueci da parte que também devia
ser eu ali, nada mais nem nada menos do que éramos. Porém, eu dormi e você me
deixou no sofá para subir com ela, de todas era a única que você não podia mexer
– a garota que não era tua nem poderia ser de ninguém. A única traição na qual
o mais culpado era o traído – é, tinha que ser a gente – e do quarto saiu
decepção e a vadia que não queria parar. E eu não me lembro, por que você
deixaria isto acontecer? Carmen esteve lá e você deixou ela se esbanjar, o eu
& você já não nos cabia mais. Silêncio, adeus e uma boa noite – eu não o
quero mais.
Sabe, eu estava aqui pensando... Todo elástico
bem afastado volta e com muita força. Talvez o destino se encarregue de fazer
as coisas voltarem aos seus devidos lugares, young B.
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