terça-feira, 26 de março de 2013

陰陽


O elástico de cabelo que me emprestastes ainda está sobre minha cabeceira, eu não o devolvi. Não te devolvi muitas coisas. E agora peço que devolvas minha distração, que me faças desaprender do caminho que a todo instante me leva a ti. Talvez estejas em débito comigo, no fundo do âmago de nossa carcaça, eu merecia pouco mais de sua presença. O amor que quis, você me deu bem dado como podia e queria dar, pois de você não regreto nada. Eu costumava pensar assim.


Não quero teu laço, já deu teu abraço.
Eu não o quero mais.


Eu cochilo e, ao abrir os olhos, em cima da pequena pilha de publicados, deparo-me contigo. É o elástico. Dos livros que não consigo ler, eu abro exceção para o que me lembra de você, a coragem que eu tenho para escrever vem da fonte que também é você. Algazarra dos resquícios de tua alma eu suguei, engoli, sobrevivi e cuspi a experiência de lidar com a reencarnação sem propósito de Henry fazem mais sentido para mim e o mundo do que poderia imaginar nossas mentes vis. 

Mesmo quando não estava nos planos, eu não estaria completa se você não estivesse por perto. Em meus passos eu encontrava seus rastros, bitucas amassadas pelos cantos era o sinal de que nossa tão estranha paz jazia ali bem viva, as cinzas eram levadas pelo vento e, entre os reles, só sobrava a constante bagunça que fazíamos por todos os cantos, em todas as vidas, de todos os jeitos. E, eu me pergunto, de que outra maneira poderia ser?

Cinzas perdidas pelo espaço, nunca me apeguei ao fato de que estariam indo para algum lugar deste planeta. Esqueci-me que até o mais curto trago dá fim ao próprio cigarro, “do pó viemos ao pó voltaremos”. O bar, o beco, os cantos os quais foram cenários de nossa encenação, o mundo era mais equilibrado quando nós estávamos juntos. Sempre imaginei ser a garota da qual você não gostaria, yin-yang isso é o que dizem que somos: eu densa com uma pitada de você, você claro com uma pitada de mim. 

De outra maneira, não poderia ser. 

Minha liberdade era ser presa a ti, amarrar-me com nó frouxo pelo prazer de estar com alguém que ficaria comigo independente das correntes de Carmen. Onde quer que estivéssemos, na sarjeta ou procurando a lua, eu & você. Seria eu & você para sempre. Eu quis que fosse você, o primeiro homem da minha vida, por opção mais uma vez. Até o quarto, casa de foder, eu me prometi que seria você, só me esqueci da parte que também devia ser eu ali, nada mais nem nada menos do que éramos. Porém, eu dormi e você me deixou no sofá para subir com ela, de todas era a única que você não podia mexer – a garota que não era tua nem poderia ser de ninguém. A única traição na qual o mais culpado era o traído – é, tinha que ser a gente – e do quarto saiu decepção e a vadia que não queria parar. E eu não me lembro, por que você deixaria isto acontecer? Carmen esteve lá e você deixou ela se esbanjar, o eu & você já não nos cabia mais. Silêncio, adeus e uma boa noite – eu não o quero mais


Sabe, eu estava aqui pensando... Todo elástico bem afastado volta e com muita força. Talvez o destino se encarregue de fazer as coisas voltarem aos seus devidos lugares, young B.

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