terça-feira, 2 de abril de 2013

Mas eu lembrei que não tenho um zippo.



É, meu bem, finalmente encontramos o fim da linha do que já era esperado. Não temos mais um nós e desta vez ninguém por fora ganhou, roubou ou trapaceou para destruir nosso castelo invejável. Aconteceu. Não sei se sobraram ruínas do que um dia foi das mais belas construções feitas por loucos amantes, lembro-me de sentir as estruturas se abalando, chacoalhando fortemente enquanto você pouco se importava, pois fumava um cigarro e nada mais poderia ser mais importante que isso. O mundo podia esperar, até eu – justo eu.  

Eu tentava, costumava me enfrentar para por fim às batalhas mentais apenas para poder alcançar a paz da tua companhia, entretanto, desta vez eu larguei o barco com suspeita de estar furado sem me importar com você, com o tão especial “nós”. Peguei minhas tralhas e fui embora, descobri passando a noite na sarjeta com um fantasma de outrora que o frio me era melhor companhia. O frio que me trouxe incerteza e medo ao menos estava ali, o frio que me trouxe doença ao menos deixou recordação. Eu não quis dizer tchau, não quis dizer o que sentia, não quis tuas palavras, não quis você. 

Agora eu me sento num banco qualquer e fumo um cigarro, e penso, é vazio sem você aqui. É vazio com tua presença também. Do vazio não quero mais nada, ele é como você: brota de repente e toma um espaço muito grande. Não é estorvo, porém pesa.

Você paira sobre minha mente e não entra. Você absorve minha alma e a torna nada. Você tira de mim os cuidados e não os devolve. Você me beija e, no entanto, não me quer. Você diz, diz e não fala porra nenhuma. Você está aqui, mas eu não posso contar. Você é oração...  subordinada incompleta. Você é prosa não publicada, uma poesia mal trabalhada, um cigarro desperdiçado queimando brasa com o vento esquecido num cinzeiro, você é o fluído do meu zippo que acabou de se esvair.

Você é os textos que eu me esqueci de terminar.
Essa merda toda que eu não consigo largar.

Um comentário:

Irene Chemin disse...

Lindo, como tudo que cê faz.